sexta-feira, 30 de abril de 2010

Separação aos Olhos de Juju

Pérola de hoje: "o pai e a mãe da Maria não moram mais juntos né mamãe, eles são separados". Mesmo sabendo que essa é uma realidade cada vez mais comum e que por isso vem sendo abordada com maior naturalidade pelos pais, professores e pelas próprias crianças, nunca tínhamos tido a preocupação de conversar sobre o assunto com a Julia. Ainda assim, eu e ela continuamos o papo tranquilamente até que num certo momento ela fez um comentário (não me lembro qual) que me fez explicar que quem se separava até podia voltar a namorar se quisesse. Aí ela emendou, "mamãe, então quando você e o papai se separarem vocês podem voltar a namorar né?". Gargalhei e respondi "mas quem disse que a gente vai se separar filha, a gente não quer se separar não" E ela "Eu sei mamãe, mas se vocês se separarem..."

terça-feira, 27 de abril de 2010

A Minnie Morreu

Chegamos de viagem e eu fui ver a Minnie. Olhei aquela bolinha de pelos, deitadinha no meio da gaiola, toda esticadinha e durinha e percebi na mesma hora que ela estava morta. Aí vi que a comida e a água estavam praticamente intocadas e então pensei, "Pelo menos não foi por nossa culpa...". E me bateu uma tristeza enorme. Confesso que eu nunca tinha dado muita bola pra pobre da hamster, presente do dindo da Julia. Mas mesmo assim, me bateu uma tristeza enorme. Afinal de contas tinham sido dois anos e meio de convivência com a bichinha e o fato de saber que eu não ia mais vê-la me deixou com uma sensação esquisita.

Mas o mais difícil ainda estava por vir... Tínhamos que contar pra Julia. Sentamos ao lado dela no sofá e começamos, "Filha, a gente tem uma coisa pra te contar..." e aí emendamos na lata "a Minnie morreu". E ela soltou um "ahhhhhhhhhh, cadê ela, eu quero ver"

Viu, ficou triste, mas aparentemente levou na boa. Antes de dormir, quis até se despedir. Ela já tinha passado por uma situação de perda muito maior, com a morte da avó paterna. E já naquela época, quando a Julia ainda tinha 3 anos, nós nunca escondemos dela nem a doença da avó, nem a morte e nem a tristeza que sentimos quando ela se foi.

Aí na manhã seguinte, quando eu já saía pro trabalho ela disparou "Mamãe, eu tô mais triste do que vocês podem imaginar". Senti, senti mesmo, um aperto no coração. Dei meia volta, fui até ela, abracei e consolei a minha pequenina. Durante todo o dia, aquela frase não me saiu da cabeça. Fiquei imaginando que ela deveria estar sentindo uma tristeza enorme pra ter dito aquilo e ao mesmo tempo me impressionei com a construção da frase. Onde será que ela tinha ouvido aquilo? Será que ela realmente sabia o que era "uma tristeza maior do que vocês podem imaginar"?

Depois eu ainda disse "Pode ficar triste filha, não tem problema, é pra ficar triste mesmo, mas depois a gente só precisa lembrar do tempo que a Minnie era muito sapeca" e aí perguntei "mas por que você tá tão triste assim?" e ela "ué mamãe, porque eu era a mãe dela". Nossa, mais uma flechada no coração! E eu só fiquei pensando no tamanho da tristeza que ela devia estar sentindo.

Mas no final do dia, quando ela chegou da natação com um sorriso lindo no rosto, feliz e saltitante, a única frase que ela disse sobre o episódio foi "ahhh, queria que a Minnie tivesse aqui...". O que eu respondi, nem lembro mais. Só sei que logo depois ela foi brincar e não tocou mais no assunto. Ser criança tem lá suas vantagens. Ô, se tem.

Pra Guardar Pra Sempre

Desde que a Julia começou a falar eu dizia que precisava passar pro papel as frases e as perguntas que ela soltava de vez em quando. Muitas eram engraçadas, algumas incrivelmente bem elaboradas e outras tantas faziam a gente pensar muito antes de responder. Aí, a cada nova pérola eu repetia, "Tinha que anotar essa!" Mas o tempo foi passando e a idéia foi ficando de lado...

Até que ontem de manhã, quando eu já estava saíndo pra trabalhar ela disparou "mamãe, eu tô muito mais triste do que vocês podem imaginar". Aquelas palavras me pegaram de jeito. Ainda mais saindo da boca de um pingo de gente! Naquele momento eu pensei, essa eu não vou deixar passar!

Minha primeira idéia foi escrever num caderno qualquer ou num daqueles diários. Mas aí pensei que com o blog as pessoas da família e os amigos que não convivem diariamente conosco poderiam saber um pouco mais sobre o que ela anda fazendo e falando e eu ainda teria um registro das peripécias dela pra vida inteira. Além disso, escrever no papel é demorado, anti-ecológico e eu precisaria de muito espaço pra arquivar tudo que pretendo escrever e guardar. Por isso, aqui estou!

Juju, espero que você ria, chore, se divirta e se emocione com o que vem por aí. Te amo!